Liberdade de Abril
Em mais este aniversário da revolução de 25 de Abril devemos refletir sobre a liberdade de expressão e de pensamento, dos direitos e garantias dos cidadãos, do direito ao contraditório e à indignação, que temos ou não temos na Região Autónoma dos Açores.
Um estado monstruoso, composto pelo governo regional pelas 19 autarquias e pelos serviços do governo da república, esmaga a sociedade civil, condiciona a liberdade de estabelecimento, cria uma teia enorme que tudo e todos controlo, pela via financeira e política.
Vivemos nos Açores uma democracia especial, de um partido quasi-único. Com um governo que subalterna o Parlamento, com um Parlamento inoperante e amorfo, com deputados apáticos e anémicos, com autarcas endeusados e autista, numa cultura de betão e muito betão, misturada por foguetório, folguedos, música e muita música, com gastos sumptuosos e irresponsáveis.
Onde os empresários têm medo de falar para não perderem a próxima empreitada ou o próximo concurso de fornecimento de bens e serviços. Onde as IPSS e as associações cívicas nada dizem para não perderem aquele subsídio para aquele evento ou para o seu funcionamento.
Vivemos numa democracia onde a sociedade civil está atrofiada, pelo gigantismo do estado.
Onde há ainda muitos problemas sociais graves para resolver: habitação condigna, melhores cuidados de saúde, bolsas de miséria a erradicar, idosos solitários, crianças em risco, famílias desreguladas, alcoolismo e toxicodependência em alto grau, maus tratos perpetuados a crianças e mulheres.
E por outo lado pensa-se e concretiza-se investimentos onde são gastos milhões em projectos megalómanos tipo Portas do Mar, parques temáticos, centro de estágios, piscinas olímpicas, pavilhões multiusos. Projectos desnecessários nesta fase de desenvolvimento dos Açores.
Os sonhos de Abril, para muitos nos Açores, não passam ainda de meros sonhos. Temos ainda um longo caminho a percorrer.
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