PARI PASSU

O acompanhamento, a par e passo, da vida nas Ilhas dos Açores, desde a economia e política até à cultura e religião.

11.5.06

Sociedade do divertimento (e da irresponsabilidade!)

S. Miguel, a maior ilha dos Açores, vive um problema muito grave de alcoolismo. Devido a uma oferta de bebidas alcoólicas desenfreada, permissiva e quantas vezes apoiada pelo poder público, nas muitas festas locais e regionais. Por uma ausência de política de prevenção que possa surtir alguma redução no consumo. E pela promoção de uma sociedade de diversão e do prazer, quantas vezes irresponsável.
S. Miguel também vive já um problema de toxicodependência que começa a ser deveras preocupante, especialmente junto dos jovens em idade escolar.
Estes flagelos contribuem para a destruição e o sofrimento de muitas famílias e está a corroer a sociedade insular.
E para se confirmar basta visitar uma instituição de acolhimento de crianças. Lá está o “sub-produto” desta sociedade de consumo, egoísta e irresponsável.
Para além destes dois flagelos sociais começa-se a viver outro: a insegurança.
Há muitos idosos encurralados nas suas casa com pavor dos assaltos que em alguns concelhos são frequentes e por ondas que arrebatam ruas inteiras.
E há muitos estabelecimentos comerciais que estão a ser frequentemente assaltados para desespero dos seus proprietários.
Há vandalismo por tudo o que é sítio nesta ilha verde. E há uma cultura de impunidade e de libertinagem que grassa por todo o lado.
A par desta situação de medo, terror e desespero, nunca se assistiu a tamanha onda festivaleira como nos dias de hoje, com apoio das autarquias e do governo regional.
Enquanto muitos são vítimas da criminalidade crescente aqui nesta ilha, alguns divertem-se à brava nas duas casas de espectáculos de Ponta Delgada, com espectáculos do exterior, a preços subsidiados, portanto pagos por todos nós contribuintes. E muitos preparam-se para os inúmeros concertos e festivais de verão, com artistas de fora, pagos a peso de ouro, e proporcionados pelas autarquias dos Açores. São milhões e milhões esbanjados e sem qualquer retorno económico, quando tanta falta fariam para debelar estes graves flagelos, que nos estão a minar a todos. Total desvario e enorme incoerência!