A gestação do monstro
No dia que se começa a gerar o monstro, pomposamente denominado de Portas do Mar, nada como apresentar umas simples contas.
O investimento vai rondar 50 milhões de euros (10 milhões contos). Em 2006 prevê-se a atracagem de 80 navios, o que signifiva 130.000 passageiros (média de 1.600 por paquete).
Após a construção do monstro assume-se um incremento de mais 20 paquetes (já em 2008) ou seja 100 navios de cruzeiro em cada ano.
Temos pois um investimento de 50 milhões para um valor incremental médio de 20 navios, ou seja, mais 30.000 passageiros. Se cada passageiro gastar 40€ em S. Miguel, temos um valor incremental de 1,2 milhões de euros.
Significa isto que o período de recuperação deste monstruoso investimento é superior a 40 anos. Um verdadeiro ABSURDO.
E ainda temos que ter em conta o custo de oportunidade deste monstro. Isto é o custo de não se aplicar os 50 milhões em projectos de investimento de maior valor acrescentado e portanto criadores de mais riqueza.
Convém fazer estas contas e desmontar toda a propaganda à volta deste mastodonte a ser colocado na marginal de Ponta Delgada, no dia em que a Câmara Municipal procede às alterações à circulação de trânsito na marginal, numa inusitada cooperação com o governo regional.
6 Comments:
Só um reparo, não achas que fica mal num Blog pessoal ter como "email" o do teu local de trabalho?
"unisitada" vem de união?
Lamento mas não consigo resolver este problema. Mesmo a blogar de casa aparece-me aquele email.Talvez me possa ajudar...
Infelizmente não sei como, mas se falares com algum colega da informática de certeza que te resolve o problema.
Ainda bem que respondeste assim acaba-se com alguns "zunzums", espero eu.
Peço desculpa Luís Anselmo, mas não posso concordar com o seu post.
O projecto das portas do mar não inclui só o cais de cruzeiros, mas também muitas outras instalações: cais ferry, marina, pavilhão, gare marítima. É errado falar em 50 milhões apenas para cais de cruzeiros.
Mas já que o seu post refere apenas os cruzeiros, podemos então, falar desse assunto.
Os números que apresenta, em relação aos cruzeiros, são totalmente errados.
Vejamos:
A receita de cada escala é muito variável. Esse valor depende do tempo de escala, da meteorologia, do tipo de navio, etc...
Um navio que fique 12 horas no porto, que traga 2000 passageiros e que seja " abençoado" com bom tempo, trará mais receitas do que um navio que escale o porto com chuva, vento, e que fique poucas horas. Portanto não podemos dizer que mais "x" escalas, significarão + " y " receitas.
As 80 escalas que estão previstas para este ano, referem-se ao todo regional, e não a Ponta Delgada, somente. Em 2007 prevê-se até uma estagnação ou diminuição das escalas em PDL. Só a P&O tem menos 9 escalas previstas. Este é um mercado muito variável e de difícil previsão.
Contundo, eu apoio o projecto, por várias razões:
1º- O Porto de Ponta Delgada está completamente saturado. É impossível ter navios de cruzeiros, iates, navios ferry, veleiros todos juntos no porto, sem que tal afecte o restante movimento de mercadorias, contentores, etc.
2º- Os turitas de cruzeiros terão melhores condições no novo cais. Tal facto implicará a saída de mais pessoas e maior estadia dos mesmos, no destino.
3º- A obra permitirá a criação de melhores condições para o transporte inter-ilhas, nomeadamente com a construção da gare maritima.
Há muitas outras vantagens, como a criação de espaços de restauração, melhoria do pesqueiro, etc...
E muitas outras questões, das quais mais tarde posso falar.
P.S.: Onde foi buscar o número de 80 escalas ?
Francisco,
1. Por incluir vários equipamentos é que acho em primeiro lugar que é uma miscelânia que não se justifica. Um pavilhão de exposições naquele espaço é absurdo.Uma área tão ampla para comércio também não faz sentido.Um anfiteatro naquele espaço é ridículo.Por isso é que considero aquilo uma jamanta de betão, monstruosa que vai alterar a face de Ponta Delgada para muito pior. Não houve preocupações urbanísticas neste empreendimento. Nem preocupações ambientais (aí se calhar tem alguma coisa a dizer!)
2. Até poderia concordar com um cais de cruzeiro à dimensão, mais bem integrado na boca do porto.Concordo com a marina, e eventualmente com o cais de ferrys.
3. O cais de cruzeiros, o de ferries e a marina poderiam ser feitos por menos de metade do dinheiro, que se pretende gastar.
3. Por isso digo que a intenção foi, já agora, fazer uma obra de regime: monstruosa de tal maneira que desse nas vistas.Para mal dos nossos pecados!
4. O custo de oportunidade deste empreendimento é elevado.Há outros investimentos muitos mais prioritários e necessários para esta região/ilha. Já tive oportunidade de escrever isto no Correio Açores.
5. Pior de tudo ainda é a concentração de tráfego e pessoas que um empreendimentos desses vai trazer para a marginal de Ponta Delgada.Vai ser o inferno, bem junto à frente hoteleira.As entradas e saídas de Ponta Delgada vão ficar bloquedas, congestionadas. Nisto a autarquia devia ter uma palavra a dizer, que não apenas o silêncio.
6. Fala-se com muita gente que pensa o que eu penso, mas simplesmente nada dizem em público. O silêncio nesta terra pode ser de oiro. Não vá o polvo gigante tecer alguma.
7. Lamento muito dizer mas a liberdade de expressão nesta terra é condicionada. Um dia com mais calma posso explicar melhor.
8. Já que o promotor desta obra não fez qualquer estudo (nunca se faz é tudo por palpite!)usei números da APA, numa entrevista dada pela Cristina Ávila.Foi ela que disse que em 2006 atracariam 80 paquetes.
9. Aliás as contas que fiz são mesmo de merceeiro porque se as fizesse de maneira mais rigorosa o resultado era muito pior.Falei em receitas quando devo falar em meios libertos. E se assim fosse, mesmo baixando o valor do investimento, para considerar apenas os cruzeiros, o resultado era ainda muito superior aos 40 anos de pay-back.
10. Francisco, esta região tem problemas sociais graves, demasiados graves para se desbaratar 50 milhões em empreendimentos faraónicos, por razões puramente políticas. Há muitas carências junto das populações destas ilhas que importa resolver antes destas obras de luxo e injustificáveis sob um ponto de vista económico.Eu diariamente vivo os problemas de 60 crianças que estão acolhidas no Lar Mãe de Deus. Um dia convido-o para lá ir.
11. Eu sei que estou sozinho nesta luta. Mais ninguém aparece em público a debater estes assuntos. Mas para a história ficará que um cidadão desta terra avisou do caos que iriam criar com o Portas do Mar.
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