O desenvolvimento harmónico dos Açores
As declarações absurdas do pensador(?) Cunha de Oliveira ao Diário Insular, mormente a afirmação de que a ruína da autonomia é o governo estar em S. Miguel, teve o mérito de levantar a velha questão do famigerado desenvolvimento harmónico dos Açores. Que convem ser debatido sem bairrismos e de forma serena e elevada.
As 9 ilhas dos Açores estarem a um mesmo nível de desenvolvimento económico é utópico quiçá lírico. Nunca vai isto acontecer! Nem tem de acontecer.
O crescimento económico dos Açores e o seu progresso social vai sempre assentar na ilha de S. Miguel por 3 ordens de razões:
-Território: S. Miguel é quase 2 vezes maior do que a Terceira. É 12 vezes maior que a Graciosa. É 4 vezes maior que o Faial. É 7,5 vezes maior que S. Maria. Os concelhos de Ponta Delgada e Ribeira Grande juntos têm mais área que a ilha Terceira. Um território comparativamente maior tem mais recursos naturais, tem mais potencial económico.
- População: S. Miguel tem 54% da população dos Açores. Tem 2,4 vezes a população da Terceira, tem 27 vezes a população da Graciosa e de Santa Maria e 33 vezes a população das Flores. Apenas o concelho de Ponta Delgada tem mais população que a Ilha Terceira. O concelho mais pequeno de S. Miguel, o Nordeste, tem mais população que as Flores e a Graciosa, e a mesma de S. Maria. Sem pessoas não há crescimento económico, não há desenvolvimento. Os recursos humanos são fundamenatias para o progresso de qualquer região ou ilha.
- Classe Empresarial: S. Miguel sempre teve uma classe empresarial dinâmica, arrojada e trabalhadora. E os empresários micaelenses actuais são descendentes daqueles que no século passado fundaram um banco, uma seguradora, uma transportadora aérea, uma transportadora marítima, uma eléctrica e inúmeras indústrias, como a do açúcar, chá, chicória, tabaco, cervejas e refrigerantes e de lacticínios. Há, e sempre houve, em S. Miguel grande empreendedorismo. Vejamos o enorme surto de investimentos privados no sector do turismo e em projectos imobiliários, nos últimos anos.
Portanto indubitavelmente S. Miguel é e será sempre o motor do desenvolvimento económico dos Açores. E há que incentivar este dinamismo empresarial e desenvolvimento de modo a ser criada riqueza para ser redistribuida. E assim podem as ilhas mais pequenas e débeis beneficiar desta política de redistribuição de riqueza. Errado é coartar o desenvolvimento de S. Miguel à espera de outras ilhas que não têm nem recursos naturais, nem humanos, nem classe empresarial com cultura de risco para o efeito. Desenvolvimento harmónico foi um chavão que serviu para facilitar alguma unidade regional, para voltar mais as ilhas umas para as outras. E até certo ponto fez-se repercutir nas ilhas mais pequenas enormes investimentos públicos em acessibilidades. Mas estes investimento não trouxeram a adequada riqueza nem podiam. Porque não havia massa crítica quer em território quer em população.
Portanto, o governo podia até estar numa outra ilha qualquer, que não em S. Miguel, e o resultado seria sempre o mesmo: um desenvolvimento de S. Miguel sempre superior ao verificado nas outras ilhas. Ninguém tenha dúvidas sobre isto! Desenvolvimento harmónico nunca será conseguido nos Açores. É simplesmente impossível.
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