Betoneiros estão a vencer!

Ao que parece, e mais uma vez, os “betoneiros” levam a melhor nos Açores. São 282 mil metros cúbicos de aterros e enrocamentos, 90 mil metros cúbicos de betão, 10 mil toneladas de aço e feitos 18 mil metros cúbicos de dragagens. O Portas do Mar não vai criar riqueza, mas sim alimentar esta pobre economia insular apenas por mais algum tempo. Os empreiteiros regionais esfregam as mãos de contente por poderem ficar com umas míseras sobras desta verdadeira obra de regime. Os cidadãos e a sociedade civil permanecem apáticos e indiferentes, por conveniência, claro! Mas a longo prazo, indubitavelmente, já sabemos quem vai perder: a Região e as suas populações. Claro como água!

Portas do Mar? Portas de César!

Razões políticas, de protagonismo pessoal de governantes, pressões de empreiteiros (com muita falta de obras!) e de associações de empresários, poderão ser as únicas justificações para a concretização deste projecto. E de forma especial em relação ao seu corpo principal e mais dispendioso deste empreendimento: o pavilhão de exposições e de espectáculos. Mais um contributo à promoção da sociedade do divertimento, niilista, leviana e individualista. Mais um golpe (de betão !) nos carenciados desta terra .

O erro urbanístico do sec. XXI

O governo prepara-se para cometer o erro urbanístico do sec.XXI sobre Ponta Delgada. O do sec. XX foi perpetrado pelo Estado Novo e constou da construção da marginal. Agora, sob pressão dos betoneiros, e razões puramente políticas (não conseguimos descortinar razões económicas e de desenvolvimento!) o governo quer promover um projecto descabido, faraónico e que vai contribuir para descaracterizar Ponta Delgada. São 282 mil metros cúbicos de aterros e enrocamentos, 90 mil metros cúbicos de betão, 10 mil toneladas de aço e feitos 18 mil metros cúbicos de dragagens. Para construir um pavilhão de exposições? Um auditório para espectáculos? Um cais para paquetes? E a sociedade civil não entende que estamos a destruir a "galinha dos ovos de oiro" dos Açores! O seu ambiente natural, simples e tranquilo. É caso para dizer: "Quo vadis Açores?"

Portas do Caos

O tempo vai-se encarregar de qualificar se Portas do Mar ou Portas do Caos. Podemos considerar que é o erro do século XXI “oferecido” à cidade de Ponta Delgada. O erro do século XX foi a construção da marginal, no Estado Novo, com o consequente corte com o mar e com a destruição do cais das Portas da Cidade. Por isso sugerimos que, aquando da inauguração deste empreendimento, deixem uma placa bem visível para que as gerações vindouras possam identificar, de imediato, os seus responsáveis directos. Recusamos embarcar neste paquete. E ninguém poderá dizer que calamos.

O Erro do Estado César

Aí está! O governo mandou a Administração dos Portos lançar a empreitada do projecto Portas do Mar na avenida marginal em Ponta Delgada, num valor que se aproxima dos 50 milhões de €. Um cais acostável de 370 m, um pavilhão multiusos de 4.000 m2 e zonas balneares, constituem este projecto verdadeiramente faraónico. Podemos estar na presença do segundo grave erro histórico feito em Ponta Delgada. O primeiro foi a construção da marginal, no tempo do Estado Novo. Cortou-se a ligação ao mar. Agora o segundo, o erro do Estado César, vai congestionar e bloquear toda a cidade, com o trânsito canalizado para o cais e para o pavilhão multiusos. E em termos urbanístico é uma jamanta de betão.

20 milhões de € para "Pão e Circo"

Estima-se que se gaste qualquer coisa como 20 milhões de euros, por iniciativas do governo e das autarquias, para festas e festivais, churrascos e bodos de leite. É absolutamente inconcebível e de todo inaceitável. Para uma das regiões mais pobres da União Europeia e com problemas sociais graves ainda por resolver. É a política da Roma antiga: "Panem et Circensis" (Pão e Circo).

A Eutrofização da Sociedade e a Irresponsabilidade dos Políticos

Infelizmente não são apenas as lagoas de S. Miguel que estão num elevado estádio de eutrofização. A sociedade civil açoriana também está eutrofizada. E por isso permanece apática, imóvel e descaracterizada. Por excesso de nutrientes, sob a forma de subsídios e outras benesses avulso, e agora também de festas e festivais, churrascos e bodos de leite. Nunca os Açores estiveram num tal estádio de alienação colectiva. Um devaneio preocupante!

Regressamos!

Estamos de regresso, depois de umas retemperantes férias aqui, na baia mais linda dos Açores, a Caloura. Mas regressamos preocupados com a notícia de que, na Caloura, querem agora construir um cais acostável. Promessa do Sub-Secretário das pescas que esperamos nunca surja à luz do dia. Não podemos destruir a nossa galinha de ovos de oiro, o nosso ambiente natural. É o nosso principal recurso.