PARI PASSU

O acompanhamento, a par e passo, da vida nas Ilhas dos Açores, desde a economia e política até à cultura e religião.

25.4.08

O 25 de Abril

O 25 de Abril de 1974 foi de Liberdade, Fraternidade e sobretudo de muita Esperança.
Esperança num país mais justo, mais fraterno, e com melhores de condições de vida para todos.
Mas a realidade acaba por ser bem diferente.
Vivemos numa Região Autónoma, com órgãos próprios, mas há ainda muitos milhares de açorianos para quem o 25 de Abril, como imaginado, ainda não chegou.
Os milhares e milhares de cidadãos desta Região sem médico de família, e sem os devidos cuidados de saúde, por vezes aguardando em infindáveis listas de espera por uma mera consulta.
Os milhares de açorianos que, para sobreviverem, continuam a depender do Rendimento de Inserção Social.
Os milhares de idosos com reformas miseravéis que sobrevivem vagamente, na mais injusta solidão.
As milhares de crianças e jovens em risco a deambularem nas inúmeras e incompreensíveis bolsas de misérias espalhadas por várias ilhas.
Os milhares de toxicodependentes desamparados e a aguardarem por uma mão amiga.
E enquanto estes açorianos sofrem, outros milhares e milhares divertem-se a coberto da política festivaleira que por aí existe, delapidando importantes recursos financeiros dos contribuintes destas ilhas. Para promoção pessoal e política de um sem número de oportunista "colados" ao poder.
Para estes açorianos, que sofrem, o 25 de Abril continua por se concretizar restando apenas uma ténue esperança de melhores dias.

24.4.08

Região de Partido Único

Para Costa Martins “o actual modelo de serviço público é o que melhor defende os Açores na sua totalidade, pois defende a estabilidade dos preços”. Acredita que é possível melhorar o regime em vigor. Segundo ele, “é possível facilitar a entrada a novos operadores”, deixando cair a obrigatoriedade das companhias aéreas cumprirem a totalidade do serviço. Deste modo, salienta, “a entrada de novos operadores traria mais concorrência, e mais concorrência geraria um movimento de abaixamento dos preços”. Não concorda com a liberalização do transporte aéreo nos Açores, nem mesmo apenas nas ligações com São Miguel e Terceira, porque, diz o presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, “se houvesse uma liberalização os preços dos voos para Ponta Delgada e Terceira poderiam baixar, mas os encaminhamentos para as outras ilhas aumentar” (AO para assinantes).
Assim fala o Patrão dos patrões de S. Miguel! Ou será um político ou governante?

13.4.08

Demagogia!

A notícia de que a criminalidade violenta quase duplicou nos últimos oito anos nos Açores gerou uma onda de reacções que culminou com o presidente do governo regional a responsabilizar o primeiro ministro José Sócrates pelo aumento da criminalidade nos Açores (AO para assinantes).
Só faltava agora esta! Culpar o Sócrates pelo aumento da criminalidade e consequente insegurança nos Açores. Demagogia barata e inaceitável!
A insegurança nos Açores é o resultado óbvio da política festivaleira, do facilitismo, do "pão e circo" constante que nos brindam o governo e a grande maioria das autarquias.
Da cultura do betão ao invés da educação das pessoas. Da ausência de uma verdadeira política de prevenção da toxicodependência e do alcoolismo.
Durante anos os nossos políticos estiveram distraídos com "violas e brasileiras". E agora temos todos um problema grave de insegurança.
Vamos ter mastadontes como as Portas do Mar, vias tipo SCUT, Cidades Subterrâneas, Pavilhões Multiusos, Casinos, Casas de Espectáculos repletas de eventos de fora, suportadas injustamente pelos contribuintes, e ao mesmo tempo idosos e crianças fechadas nas suas casas com medo de sairem à rua. E zonas nas cidades e vilas onde ninguém se atreve a passar. Triste realidade! Quem diria que ilhas outrora pacatas se iriam tornar assim?
Naturalmente que a inoperância da justiça e a incapacidade das forças de segurança também não ajudam a combater a criminalidade.

12.4.08

A dependência!

Os independentes António Maio e Vânia Paim deverão figurar nas listas do PS, pelo círculo eleitoral da ilha Terceira, às legislativas regionais de Outubro.De acordo com fontes partidárias, um dos dois deverá mesmo ocupar o segundo ou terceiro lugar da lista de candidatos ao plenário regional (AO para assinantes).
Desaparece assim a sociedade civil, numa Região já demasiado estatizada e politizada. O orçamento aniquila tudo e todos. Vigora a dependência. O partido único!

5.4.08

Geração do Ecrã

Desculpem se trago hoje à baila a história da professora agredida pela aluna, numa escola do Porto, um caso de que já toda a gente falou, mas estive longe da civilização por uns dias e, diante de tudo o que agora vi e ouvi (sim, também vi o vídeo), palavra que a única coisa que acho verdadeiramente espantosa é o espanto das pessoas.
Só quem não tem entrado numa escola nestes últimos anos, só quem não contacta com gente desta idade, só quem não anda nas ruas nem nos transportes públicos, só quem nunca viu os "Morangos com açúcar", só quem tem andado completamente cego (e surdo) de todo é que pode ter ficado surpreendido.
Se isto fosse o caso isolado de uma aluna que tivesse ultrapassado todos os limites e agredido uma professora pelo mais fútil dos motivos - bem estaríamos nós! Haveria um culpado, haveria um castigo, e o caso arrumava-se.
Mas casos destes existem pelas escolas do país inteiro. (Só mesmo a sr.ª ministra - que não entra numa escola sem avisar…- é que tem coragem de afirmar que não existe violência nas escolas…)
Este caso só é mais importante do que outros porque apareceu em vídeo, e foi levado à televisão, e agora sim, agora sabemos finalmente que a violência existe!
O pior é que isto não tem apenas a ver com uma aluna, ou com uma professora, ou com uma escola, ou com um estrato social.
Isto tem a ver com qualquer coisa de muito mais profundo e muito mais assustador.
Isto tem a ver com a espécie de geração que estamos a criar.
Há anos que as nossas crianças não são educadas por pessoas. Há anos que as nossas crianças são educadas por ecrãs.
E o vidro não cria empatia. A empatia só se cria se, diante dos nossos olhos, tivermos outros olhos, se tivermos um rosto humano.
E por isso as nossas crianças crescem sem emoções, crescem frias por dentro, sem um olhar para os outros que as rodeiam.
Durante anos, foram criadas na ilusão de que tudo lhes era permitido.
Durante anos, foram criadas na ilusão de que a vida era uma longa avenida de prazer, sem regras, sem leis, e que nada, absolutamente nada, dava trabalho.
E durante anos os pais e os professores foram deixando que isto acontecesse.
A aluna que agrediu esta professora (e onde estavam as auxiliares-não-sei-de-quê, que dantes se chamavam contínuas, que não deram por aquela barulheira e nem sequer se lembraram de abrir a porta da sala para ver o que se passava?) é a mesma que empurra um velho no autocarro, ou o insulta com palavrões de carroceiro (que me perdoem os carroceiros), ou espeta um gelado na cara de uma (outra) professora, e muitas outras coisas igualmente verdadeiras que se passam todos os dias.
A escola, hoje, serve para tudo menos para estudar.
A casa, hoje, serve para tudo menos para dar (as mínimas) noções de comportamento.
E eles vão continuando a viver, desumanizados, diante de um ecrã.
E nós deixamos.

Alice Vieira, escitora
In Jornal de Notícias, 30.3.2008

4.4.08

SATA quer preços competitivos para Madeira e Canárias

A SATA Air Açores pretende baixar a curto prazo as tarifas aéreas para os arquipélagos da Madeira e das Canárias por forma a garantir e até conquistar quota de mercado (AO para assinantes).
E para os Açores? Preços desfasados, devido à cartelização TAP/SATA alimentada por Duarte Ponte. Até quando?

3.4.08

Perfeitamente Estatizada

O líder do PS/Açores, Carlos César, defende que o partido deve chamar cidadãos sem filiação partidária aos lugares no Parlamento e no Governo Regional, numa aposta de abertura à sociedade (AO para assinantes).
Não há espaço para respirar! Já estamos no sistema de partido único, que suporta um Estado omnipresente e, pior, omnipotente. Pobre Região, sem sociedade civil. Perfeitamente Estatizada!