Luis Bastos hoje no
Expresso das Nove toca na ferida:
... "Cada ilha é hoje uma realidade sociológica sui generis e é, em primeiro lugar, aos seus habitantes que deve caber a tarefa de a desenvolver até ao limite das suas potencialidades, capacidades e espírito empreendedor.
Hoje, os governos querem-se menos interventores, mais reguladores e devem ser o garante dos direitos e da igualdade de oportunidades dos cidadãos. Os factores que condicionam e entravam o desenvolvimento são intrínsecos e praticamente comuns a todas as ilhas. As razões que levam algumas ilhas a não se desenvolverem ao ritmo desejado pelas suas gentes são, assim, as mesmas que levam a que S. Miguel não se desenvolva ao ritmo desejado pelos micaelenses.O que, no entanto, parece falhar é, sim, uma concepção política que o Governo socialista deveria ter gizado para o desenvolvimento de cada uma das ilhas dos Açores. Passado todo este tempo, não o sabendo ou não o querendo, inauguradas que estão as pressões políticas no seio do partido que o sustenta e temendo-se ainda o descontentamento generalizado na maioria das ilhas, optou então o Governo por um nítido recuo em termos de pensamento e estratégias de desenvolvimento.
É pelo menos o que se pode inferir a partir do anúncio de medidas que, a serem implementadas, resultarão necessariamente em proteccionismo e estatização da vida económica..."É preocupante assistir a este apetite voraz do governo pelo mercantilismo, intervindo a torto e a direito nesta sociedade insular, criando uma rede de malha tão fechada que abafa completamente a sociedade civil, tolda as mentalidades, incentiva a passividade e o clientelismo. Concorre elegitimamente com os empresários, condiciona os seus investimentos e faz das suas associações delegações de secretarias regionais.
É preocupante as intervenções das 19 autarquias mediante mais de duas dezenas de empresas municipais, em áreas tão variadas como habitação, ambiente, animação, lazer, restauração e gestão de parques industriais. Algumas até têm autênticos grupos económicos.
A Região Autónoma dos Açores caminha rapidamente para ser a
Cuba do Atlântico. Sem Fidel Castro mas com muitos Raul Ramos, espalhados pelas sociedade anónimas de capitais públicos, pelas secretarias regionais, pelas autarquias, pelas empresas municipais, que concorrem entre si pelo poder económico, com os fundos públicos.
Só há uma solução para inverter este processo degradante e deprimente de gigantismo estatal. É sociedade civil reagir, liderada pelos mais lúcidos, pelos isentos, pelos independentes, pelos empresários, pelos pensadores realistas e pragmáticos, e darem um safanão neste estado de coisas. Na comunicação social, nas associações cívicas, nas associações empresarias, nas associações de classes, fazendo retroceder e encolher este Estado na Região. Não há outro caminho!